Com o objetivo de investigar a historicidade do fazer musical de pessoas negras que tocavam um instrumento ao mesmo tempo em que desempenhavam outras atividades profissionais, como ferroviários e pedreiros, Ana Paula de Lima analisou a Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor em sua dissertação Sons da cidadania: bandas, músicos negros e uma corporação musical em Campinas no Pós-Abolição; a pesquisa incluiu o rico acervo de partituras da banda fundada em Campinas, em 1933.
A dissertação analisou como músicos negros estiveram presentes na vida social brasileira e como, por meio dos sons de seus instrumentos, integraram um amplo movimento de contestação das hierarquias e marcadores raciais. Em uma tradição que remonta às bandas de escravizados e às bandas dos regimentos militares, ainda no século XIX, passando pela criação de inúmeras jazz-bands pelo interior de São Paulo nas primeiras do século XX. Neste momento, para além dos tradicionais dobrados, os músicos se interessaram pelos novos gêneros musicais como o maxixe, o tango e o jazz.
A pesquisa também destacou o papel desempenhado pelo associativismo negro em Campinas na criação da Corporação, na medida em que a prática musical era vista como um elemento importante na educação dos negros e, nesse sentido, fundamental para o exercício da cidadania.
Título: "Sons da cidadania: bandas, músicos negros e um corporação musical em Campinas no Pós-Abolição".
Dissertação de Mestrado em História - IFCH-Unicamp
Autora: Ana Paula de Lima
Orientador: Rodrigo Camargo de Godoi
Data da defesa: 26 jun. 2021