Para além da "Escrava Isaura"

Por neelim, 18 Maio, 2023

No dia 3 de maio de 2023, Larissa Alves Mundim defendeu sua tese de doutorado "Sobre letras e leis: indianismo e justiça em Bernardo Guimarães", orientada pelo Prof. Dr. Rodrigo Camargo de Godoi no IFCH-Unicamp e vinculada às atividades do NEELIM.

O indianismo emergiu como uma das principais vertentes da literatura nacional no século XIX. No entanto, como já denunciavam juristas, a exemplo de Perdigão Malheiros em 1866, pode-se considerar que um dos pressupostos dessa vertente literária foi a idealização do índio, o que, por sua vez, contrastava com a realidade que o marginalizava no Império. 

Em certos casos, porém, os mesmos homens que lidavam com o cotidiano das políticas indigenistas também escreviam literatura indianista. Por conseguinte, a tese analisou o caso de Bernardo Guimarães, autor que se formou bacharel em Direito em São Paulo, atuou como jornalista e escritor no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, e foi juiz na Província de Goiás, local em que lidou com a questão indígena nos tribunais, encontrando subsídios empíricos para suas obras de ficção protagonizadas por personagens indígenas. 

Dada a natureza da atuação do romancista no Judiciário, a pesquisa cruzou fontes de procedências diversas — principalmente literárias e jurídicas. Nela, entre outros temas, investiga-se a invenção do caboclo na literatura de Bernardo Guimarães como solução ao problema da mão de obra inaugurado após o fim do tráfico de escravos africanos em 1850.

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Bernardo Guimarães

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